The Promised Neverland e a ética Utilitarista.


    The promised neverland, ou o nome original, Yakusoku no Neverland, é um mangá escrito por Kaiu Shirai e ilustrado por Posuka Demizu, que conta a fascinante história de um mundo distópico, onda a humanidade convive com outra “espécie inteligente”, que é nomeada na obra original pelo núcleo de personagens principais e traduzida para o português como “demônios”.
Uma característica desses “demônios” que tem muita importância no desenrolar dessa discussão é que eles assimilam característica dos organismos de qual eles se alimentam, também é acrescentado ao longo da história que essa mutação é tão sensível que se um “demônio” parar de consumir regularmente um organismo ele perdera as características adquiridas.
Acontece que em alguma hora e em algum lugar os “demônios” selvagens começaram a consumir humanos, e com isso adquiriram nossas habilidades cognitivas, uma vez que reconheceram sua posição na terra não quiseram parar de consumir humanos, o que gerou um conflito entre essas espécies, por essa relação de predação, resultando em uma grande guerra, a solução encontrada foi dividir o mundo em dois, garantindo aos “demônios” um território só seu e também foi garantido a eles material humano para que esses criassem humanos como gado e os consumissem.  
A pergunta que fica é, com tudo que foi exposto, a permissão para criação de fazendas humanas é uma decisão ética?
Segundo uma análise utilitarista sim!!!!

O utilitarismo é uma família de teorias consequencialistas,( Consequencialismo – Basicamente que uma ação é julgada somente com base nas suas consequências), defendidas por  John Stuart Mill um filosofo e economista londrino e seu padrinho Jeremy Bentham filosofo e jurista também de Londres, que dizem que as ações são boas quando tendem a promover a felicidade e más quando tendem a promover o oposto da felicidade, foi concebida como uma teoria ética que visava a maximização da felicidade geral.
O método de análise de um problema que demanda solução baseado na ética utilitarista se chama cálculo utilitarista, e para alguns utilitaristas, como Peter Singer um filosofo e professor australiano, esse cálculo deve levar em conta o bem estar de todos os “seres dotados de sensibilidade”, o que implica em incluir outras espécies no cálculo.
O cálculo é feito considerando os seguintes princípios:
Princípio do bem-estar que que diz basicamente que o bem é definido como sendo o bem estar, constituindo o bem estar físico, moral, intelectual.
Princípio da otimização fala que é dever moral seguir as condutas que maximizem o bem estar, isso implica que medidas que evitem o conflito entre as espécies e por conseguinte não tenham resultados piores que a própria guerra são consideradas éticas.
Tem-se também o princípio da imparcialidade: todo bem estar tem um peso igual para o cálculo, logo a melhor decisão que minimizar o número de indivíduos sensíveis é ética desse ponto de vista, tal conclusão é tão verdadeira dentro dessa lógica que temos o princípio da otimização, tal principio enuncia que é dever moral seguir as condutas que maximizem o bem estar, portanto não é só uma boa ideia, mas segundo a doutrina utilitarista, é dever moral seguir essa ideia, claro, se não houver uma ideia melhor.
Tal pensamento implica naturalmente no próximo princípio, o princípio da agregação, esse princípio foi o motivador para a escrita desse texto e é implicação direta dos outros princípios.
Sacrificar minorias é ético caso essa for a melhor decisão que segue os demais princípios, o que significa que se o número de pessoas no território humano for maior que o número das pessoas em pleno sofrimento dentro das fazendas é eticamente plausível a construção das fazendas humanas sob essas condições, uma vez que se um conflito fosse novamente incitado o sofrimento seria expressivamente maior, uma vez que envolveria a soma de indivíduos no mundo dos “demônios” e no território humano, que claramente é um numero maior.
Portanto não só é ético do ponto de vista utilitarista como o núcleo de personagens principais estariam sendo não só imorais, mas antiéticos!
Claro que a discussão acima se refere somente a esse cenário descrito, pois na história há um motivo que torna totalmente ética a rebelião humana dentro do mundo dos demônios, mas para descobrir esse motivo você vai ter que ler a obra.

Bibliografia
Mangá: The promised neverland, capítulo 47.

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